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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013




Ayty significa ninho em Tupi Guarani e o ninho tem muitos significados especiais quando pensamos em nossa vida.

Interessante lembrar que a fixação do óvulo no útero recebe o nome de nidação, pois certamente este é o nosso primeiro ninho.

Crescemos no ventre materno até conseguirmos as condições mínimas de sobrevivência, e neste primeiro abrigo fomos supridos pela placenta de tudo que necessitamos para nosso desenvolvimento até o parto.

Neste ninho uterino havia o ambiente líquido, fluído e aquecido, orquestrado pelos sons e pulsares internos tão acolhedores. Todo suprimento nutricional estava disponível, sem que para obtê-lo precisassemos de qualquer esforço.

E assim vivemos o primeiro ciclo, da concepção até o parto, totalmente dependentes do organismo materno, num processo tão complexo e misterioso, que a meu ver, transcende o conhecimento material, pois é uma demonstração  clara da sabedoria e da engenharia de uma consciência espiritual superior.

Com o parto somos convidados a sair deste aconchego, e sair para o mundo exterior não é nada fácil: a vida ganha uma dimensão mais autônoma, a começar pela respiração. O cordão umbilical é cortado e significativamente marca essa nova etapa do viver. O fio, ou canal que nos conectava à placenta é cortado, e ela mesma se desprende e encerra seu papel de órgão temporário. 

Mas a dependência do cuidado materno continua indispensável nos primeiros anos e sem este cuidado não sobreviveríamos.

Adentramos o ninho familiar e nele encontramos por muitos anos a base de nosso desenvolvimento e formação: somos nutridos, aquecidos, limpos e cercados de atenção até que possamos caminhar um pouco mais firmemente e expressarmos nossas necessidades básicas. 

Ter um ninho para nos acolher é uma dádiva, principalmente quando há o afeto e acolhimento familiar, nem sempre tão doce, mas tão necessário mesmo diante dos atritos e diferenças.

Os passarinhos crescem, chegam os primeiros vôos, e aprendemos na prática que eles não suportam ser sufocados e também não podem ser deixados à deriva, pois o vôo não teria mais volta... Chega então a fase do "ninho vazio"que precisará ser preenchido pelo companheirismo do parceiro que ficou!

O espaço dos filhotes que foram formar seus próprios ninhos, ou alçar vôos mais altos também poderá ser ocupado por novas perspectivas de vida: a realização de alguns sonhos que não encontravam tempo disponível em nossas vidas atribuladas. Aí precisaremos saúde e disposição para tudo isso.

Tão sábia a natureza que renova seus ciclos e presenteia os mais velhos com a chegada de netos, não mais filhos, e sim netos! Importante distinguir os papéis e se possível ficar ao encargo apenas do que compete a esta fase privilegiada, pois a de criação dos filhos já foi cumprida. Sabemos que esta não é a realidade de muitos avós, mas desejamos usufruir deste privilégio.

Ao ninho espiritual voltaremos ao findar da jornada e nele encontraremos também uma família: Pai, Mãe e Irmãos que nos acolherão e farão recordar o sentido de toda a jornada da vida, que seguirá em novas oportunidades e aprendizados num céu mais claro.




3 comentários:

Leatrice Paola disse...

Carmen,

Adorei a postagem sobre ninhos.

Me surpreendi ao encontrar tantos detalhes pensados por mim, porém escrito por outra pessoa.

No preparativo da espera da minha filha encontrei vários objetos de decoração que se utilizaram de borboletas, giraffas, coroas de princesas, mas pra mim, sem qualquer significado.

Antes mesmo de conhecer seu blog, escolhi o passarinho e seu ninho para decorar a alegre espera pelo nascimento da minha doce filha.

Pra mim, o passarinho representa a evolução e desenvolvimento que todos nós participamos, desde o ninho até seus primeiros vôos, e por isso a escolha figurativa pelos mesmos.

Em suma, sua postagem considerou tudo o que há muito venho pensado e sentido.

Que seu blog continue inspirando muitas pessoas, e a força da espiritualidade venha fortalecer todos os ideais.

Um abraço!

Leatrice Paola

Carmen Palet disse...

Que coisa boa Leatrice!
Desejo que seu ninho familiar seja sempre repleto de amor e carinho, para que sua filha cresça sadia e feliz!
Abs,

Carmen

Unknown disse...

Senti essa presença do ninho mais forte no nascimento do meu segundo filho, o Ravi. Aquele nenê tão pequenino com a boquinha aberta para mamar parecia um passarinho chamando por sua mãe. Acho também que a vinda do Ravi completou o nosso ninho familiar - a Clara ganhou um companheiro para toda vida e nós ganhamos mais uma passarinho para esquentar o ninho e para nos ensinar que precisamos fortalecer as asas desses filhos passarinhos para que desvendem muitos céus!
Carminha querida, grata por sua sabedoria e sensibilidade feminina! Texto maravilhoso e que já está no nosso livro! Bjinhos, Mel